terça-feira, 29 de março de 2011


III –
Da descoberta da doença  -- Erros nas escolhas: médicos e Radioterapia


(leia a versão completa do blog disponível no tópico inicial)

Desde os 50 anos fiz acompanhamento para detecção de câncer de próstata. Infelizmente escolhi um profissional menos competente (Charles Rosenblatt – antes com consultório nas proximidades do Shopping Iguatemi e hoje no H.A.Einstein), coisa que só constatei muitos anos após a doença ter avançado bastante.
Em maio de 1996, com 51 anos meu PSA era 1,2.  Nesta ‘linha’ de idade e PSA, a margem de ter um câncer cai para 20%. Contudo, em outubro de 1998 dobrou para 2,4. Em abril de 2001:  PSA em 3,0.  Em agosto de 2003, com 58 anos e meio,  PSA em 3,5, quando, só por minha intuição, constatei a doença, que seguramente já existia cinco anos antes.  (Próstata de apenas 34 gramas)
Hoje, pelo que aprendi após intenso ‘’curso pratico’’, passando por vários profissionais da área, após sofrer quase todas as fases do tratamento de câncer de próstata (radioterapia, tratamento hormonal, cirurgia, quimioterapia), sei que se na época própria eu tivesse um profissional mais, digamos, comprometido,  já em 1998, quando dobrou de 1,2 para 2,4 o PSA, eu deveria ter feito uma biopsia. Ou, no máximo quando chegou a 3.  (Para uma próstata de apenas 34 gramas o PSA 3,5 era alto!)
Quando em 2003 com o PSA a 3,5 o ’urologista’ Charles Rosenblatt examinou o Ultra som indicando um aumento do peso da próstata de 24 para 34 gramas e procedeu ao famoso exame de toque, afirmou peremptoriamente:
-----  O senhor não tem nada!’
___ Doutor (disse-lhe eu por pura intuição), tenho sim! Quero fazer uma   biopsia!
----- O senhor não tem nada! Levanta de noite para urinar?
----- Não!
-----  Então não tem nada! Volte daqui a um ano.
   ----- Doutor, antes eu levantava, fazia xixi, fazia a barba, tomava café e saia  para o trabalho.  Hoje, levanto, faço xixi, a barba, o café, e volto a fazer xixi.
----   Isto não quer dizer nada. O primeiro sintoma é levantar à noite.
----   Bem.... quero fazer uma biopsia, insisti!  (e só por isto ainda estou vivo!)
Peguei o pedido médico e fiz a biopsia. Pela primeira vez na vida, retornei ao médico sem ter rompido o lacre do laudo do exame. 
O tal dr. Charles olhava o exame, olhava para mim, com aquela cara de quem ‘’perdeu a chave da bunda’’,  até que eu me adiantei:
----- Doutor, não precisa enrolar. Fique frio! Eu sei que tenho câncer!
----- Como o senhor sabe?
-----  Sei! A situação é: o que o senhor me orienta?
----   O senhor deve ouvir outras duas opiniões:  uma de um urologista, Miguel Srougi, e outra do dr Rodrigo de Morais Hanriot, radioterapeuta no H.A.Einstein.
----   Mas... o que é mais indicado?
----   O senhor ouça os dois e o senhor deve decidir isto!
Ora, um médio que assim se considere, jamais poderia deixar integralmente para um paciente, leigo, tomar tal decisão.  Hoje sei que com o grau de câncer que eu estava quando iniciei a radioterapia (4 + 4 na escala Glassons, que é a escala de medida do grau da doença), jamais deveria ter sido tratado senão com cirurgia.   Foi o que ouvi à época e depois, de pelo menos 6 urologistas!

Entre constatar a doença e resolver o tratamento, optei por algo “alternativo” que fez baixar violentamente o PSA (vide capitulo XII).  Depois de 30 dias fui a outro médico, Dr. Homero G. Campos Guidi, que examinando os novos índices de PSA (na casa de 1 pelo tal tratamento alternativo), ultra som e toque, também nada achou de anormal. Só optou por outra biopsia após o diálogo:

------ O senhor não tem nada!
Contei da creolina (Capitulo XII),  apresentei a biópsia anterior e aí perguntei:
 ------ E o que o senhor me diz disto aqui?
------- Porque não me mostrou antes?
------  Queria ouvir sua opinião sem influenciar.
------  Bem,  melhor fazermos outra biopsia!

Muitos dizem ser o exame de toque o mais importante. Talvez não seja, e sim o PSA!  Meu único indicativo era o PSA, que, aliás, persiste como marcador no controle de sua evolução em metástase, até mesmo após a retirada da próstata, já que daí o câncer é originário.

O resultado da nova biópsia indicou que o câncer era ainda mais grave: na primeira, indicava câncer grau 4 + 3. Dois meses depois indicou 4 + 4.    (Para o leigo entender, 5 + 5 o indivíduo praticamente não tem mais chances).

Hoje eu sei que os três fatores para apuração precoce do câncer de próstata são: o ultra som, para indicar o crescimento da próstata, que normalmente acontece com a doença (nem sempre neoplasia é câncer); o toque, pelo qual normalmente o médico pode ‘sentir’ a doença; e o PSA.  
O mais importante é, a partir de no máximo aos 50 anos, fazer estes três exames uma vez por ano. Em qualquer aumento constante no PSA, reduzir a periodicidade para 6 meses e fazer a biopsia!  Antes da retirada da próstata é relevante o PSA total e o PSA livre, posto que, em caso de hiperplasia (crescimento da próstata) o PSA pode indicar índices mais altos, não sendo necessariamente câncer.
Aqueles cujo pai e avô tiveram câncer de próstata, desde os 30 anos devem fazer estes exames, porque terão um forte fator genético propenso à doença.
Se o PSA subir constantemente, mesmo que pouco, digamos:  0,5 um ano, 0,7 no outro,  0,9 no outro...   não perca tempo:  faça uma biópsia.
Claro, este exame também tem sua margem de erro.  Pode indicar 3 + 4  ou  4 + 4 na escala Glasson, (mas isto não é exato ou o importante, porque é baseado em ‘amostras’ colhidas aleatoriamente. O que importa é, se indica câncer, tem câncer!  É o único exame 100% seguro quanto a isto!   Positivo ou negativo.    
Infelizmente deixei minha saúde nas mãos do Charles Rosenblatt... 
Com que adjetivo devo tratá-lo pela forma que acompanhou meu caso?  Primeiro, porque anos antes, quando meu PSA, com próstata de pequeno tamanho, subiu de 1,2 para 2,4; e depois para 3, no mínimo o que ele devia ter determinado é que eu fizesse uma biópsia. Quando o PSA chegou a 3,5, se eu não tivesse insistido em fazer, teria morrido.     
Segundo, porque um médico deve dizer ao paciente o que fazer, não dizer que ele ouça sobre outros procedimentos e escolha. Ele era o médico de minha confiança, de quem eu devia ouvir orientação, não isentar-se, mandando-me ouvir terceiros e eu decidir.
Tivesse eu o conhecimento que hoje tenho, tivesse eu um médico mais competente, quando meu PSA foi de 1,2 para 2,4, eu já teria resolvido o problema de forma radical, com cirurgia, não chegando ao ponto da evolução irreversível que hoje a doença tomou.
Talvez, porque minha missão fosse passar por isto, para gritar este alerta a tantos quanto possa, para que saibam como e quando tratar a doença, antes e depois de contraí-la.
Seguindo a orientação do tal Charles, fui ao competente, mas insensível, Miguel Srougi.  Primeiramente mudamos de uma para outra mais luxuosa sala de espera (pelo menos era assim quando ele atendia no Sírio Libanês). Aí, os assistentes vêm, fazem seu exame, sua ficha, etc.  
Após, muda-se de sala, e solenemente entra o famoso e mais respeitado cirurgião na área, e, analisando sua ficha lhe tasca na cara:
-----  seu caso é cirúrgico! Por sua idade, o risco de incontinência urinária é de X %; o risco de impotência é de Y %.  O senhor trata horário e honorário com minha secretária.

Ora, neste momento, você precisa de ‘colo’, de um pouco mais de atenção, o que do famoso Dr. você não recebe. Ao contrário do que ele recentemente declarou à revista Veja, ele não dá um tratamento humano aos pacientes. Infelizmente, sua secura mais minha ignorância no assunto, conduziu-me a ouvir as falácias do radioterapeuta.
Lá fui eu procurar a outra indicação e opção dada pelo dr Charles: fui ao Hospital Albert Einstein procurar o dr Rodrigo de Morais Hanriot.

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