terça-feira, 29 de março de 2011

II -
Como adquiri o Câncer

(leia a versão completa do blog disponível no tópico inicial)

II.1 – da má distribuição do tempo
Quando com 9 anos tentavam me apelidar de ‘coelho’, porque meus dentes eram assim parecidos, minha avó Maria Elisa Tesch dizia: “Não reaja! Se você ignorar, o apelido não pega. Aqueles que assim te chamam, só querem te irritar, se não conseguirem, desistem!
E assim foi, e assim o apelido morreu no nascedouro. Ou seja, não aceitei o que quiseram me impor. 
Já o câncer, aceitei sem o saber e até colaborei com seu desenvolvimento!
Desde os 12 anos trabalho. Lembro bem, quando com meu pai cruzava da rua São Bento a Praça Patriarca, em direção à Praça Roosevelt para pegar o carro, eu, então com 16 anos, tolamente orgulhava-me de ter trabalhado até não mais poder. À completa exaustão mental.
E, daí para frente, sempre assim, dando o máximo ao trabalho, dedicando-me mais do que o corpo devia suportar, e  que só o conseguia pelo vigor da juventude, em flagrante desrespeito à lei do Justo Equilíbrio!
Sempre tive em mente que você pode beber na vida toda, digamos, 1000 litros de uísque. Se beber os 1000 litros em um ano, morre!
O arsênico é veneno!  Mas, aplicado em doses mínimas, para alguns casos é até remédio! Lembro-me de quando com 7 anos morava no sítio, meu pai usava-o em pequenas doses para a cura de algumas doenças de cavalos e vacas.
Ensinam-nos os maçons como dividir as 24 horas do dia, o qual deve ser vivido com critério entre tempo para o trabalho, o laser, a espiritualidade e o descanso,0físicooeomental.

O filósofo grego Demócrito, no século V a.C, escreveu,  -    Ocupe-se de pouco para ser feliz.  Demócrito não pregava a ociosidade, mas sim a administração do tempo. Dizia que uma única coisa deveria ser feita por vez.

Eu sempre procurei fazer duas coisas ao mesmo tempo, e a natureza cobra o desrespeito às suas leis.
Administrei mal meu tempo!  E é isto que quase todos fazem hoje em dia, mergulhando de cabeça 24, horas do dia no trabalho, buscando a riqueza que, se atingida, não poderão usufruir pela falta da saúde.
Assim, posso dizer, que com o justo equilíbrio, a correta divisão do tempo, com a busca da felicidade e prazer, seguramente eu não chegaria aonde cheguei, e muitos de vocês ainda podem não chegar:  câncer!
De tal forma assumi erroneamente a postura e responsabilidade de encarar o trabalho, já cedo (porque com 14 anos já precisava contribuir com valores para alimentação de nossa casa), que hoje, mesmo em fase de quimioterapia, sinto algo que como vergonha de um empregado me ver em plena tarde, simplesmente vendo TV.
Oras, onde já se viu tal auto punição e policiamento?  Relaxa homem! 
Como já diziam os antigos:  nem tanto ao mar, nem tanto à terra”!
Até meus 50 anos, tirava uma semana de férias, emendava um feriado, e até hoje, aos 66 anos, nunca tirei férias de 30 dias corridos.  Posso dizer que, apenas após o descobrimento da doença, é que comecei a dedicar um pouco mais de tempo ao lazer.
Férias: este que é um direito trabalhista, é mais que um direito!  É uma obrigação de cada individuo para consigo mesmo, para com seu corpo.  Não é uma mera imposição legal aleatória obtida por esta ou aquela pressão sindical. É uma necessidade médica reconhecida, e que nós, que desenvolvemos o câncer ou outras doenças, ignoramos.

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